Escola- Tempos de Violência

segunda-feira, 7 de julho de 2008


Todos aqui sabemos o que é uma escola, não?
Só pra refrescar a memória: Uma escola é o lugar onde passamos boa parte de nossas vidas tentando escapar ou provocar humilhações, desenvolvendo assim nosso lado sociável quando, por exemplo, temos que convencer alguém a não quebrar a sua cara ou a não roubar suas coisas. Também desenvolvemos nosso lado atlético, pois não raro é necessário corrermos de bandos de Orcs, quero dizer alunos, que gritando frases de incentivo como; Vai morrer! Duvido você pular esse muro! Fazem você dar o melhor de si.
Qualquer senso de respeito à vida humana é duramente combatido e intolerado.

Foi nesse ambiente que mais parece um pano de fundo para Cães de Aluguel que eu descobrir minhas habilidades como negociador, orador e líder. Mas para que tais habilidades viessem à tona tive claro que passar por algumas provas tão duras quanto aquelas que Pai Mei submete seus alunos.
É nessa parte que começa minha história.

O pátio da escola onde fazíamos nosso intervalo, mais conhecido como O COLISEU, era planejado para que cada tipo de atividade tivesse seu espaço. Ali encontrávamos o grupo de mauricinhos que com suas roupinhas da moda tentavam comer as patricinhas, o grupo de aspirante a traficantes que sorrateiramente negociavam todo o tipo de quinquilharia que ia de latas de refrigerantes a gabaritos de provas, o grupo dos desertores que se reuniam nos cantos do grande Coliseu bolando planos e mais planos para fugirem dali e só voltarem no outro dia e claro tinha o grupo dos jogadores. Esses se reuniam em mesas onde tudo era possível, onde as cartas e as peças eram senhoras dos destinos daqueles ali presente, onde a mentira e o blefe eram a mãe da sorte e a sorte só brilhava para os mais capacitados. Era desse grupo que eu fazia parte.

Naquela tarde as coisas iam mal pra mim e meu parceiro, tudo conspirava contra nos, e mão após mão tudo piorava. Tinha apostado toda a grana do mês e para um garoto de 14 anos isso é demais, não estava disposto a perder.
Mas o truco é um jogo traiçoeiro, pode ser esperar tudo dele, e para aquela ultima jogada eu tinha 2 cartas e um segredo... Bem de baixo da mesa. Fui pro tudo ou nada e pedi 12, meu parceiro na outra ponta da mesa me olhava assustado, sabia que eu não tinha nada nas mãos, meus adversário se olhavam desconfiados, mas pelo andar da carruagem nada mais podia ser feito. Aceitaram meu desafio eu sorri e os engoli.
Em meio a nossa comemoração que eu e meu parceiro fazíamos com cifras nos olhos deu pra ouvir um grito:

-Você roubou!
-Que!!! – falei fingindo indignação.
-Você roubou! – repetiu apontando para a porra da carta que tinha ficado de baixo da porra da mesa.
Mas agora era só questão de argumentar, estava na cara que eu tinha roubado, pois o truco exige isso, e todos ali que se aglomeravam pra ouvir a discussão sabiam que eu tinha roubado, mas como em todos pais civilizado o inocente é aquele que convence todos disso e não o que não cometeu o crime, eu só tinha uma missão: Convence-lo.
-Não força! Essa carta não é minha você que deixou cair ai de propósito só pra falar essa merda de roubo, todos sabem aqui que eu não roubo (alguns risos da molecada ao redor, gente ingrata). Essa foi uma boa jogada minha desacreditar ele perante o pessoal.

-Claro que não, como eu ia fazer isso com você do outro lado da mesa?- Estava tentando se safar, mas já estava condenado, pois tropeçava nas palavras.

- Sei lá! Todo mundo sabe aqui que você é muito espertinho. – um elogio pra desarma-lo e ao mesmo tempo enterra-lo.
Estava quase tudo resolvido. Ele lutava com seus poucos neurônios pra arrumar um argumento que corroborasse com a sua justa acusação a minha pessoa de roubo, quando meu parceiro com o espírito solidário, mas sem noção do perigo tenta me ajudar:

-É e tem outra se não foi você que pôs essa carta ai foi quem, sua mãe? –algumas risadas aqui.
-Você chamou a minha mãe de que?- porra ele estava ficando nervoso e isso não era bom, eu tinha que consertar a merda que meu parceiro tinha feito.
-Ele não chamou sua mãe da nada não disfarça e paga agente. –pronto uma solução rápida quase um pedido de desculpa.
E teria dado certo se agente não tivesse na escola, mas estando num lugar desse onde todo a fauna é alimentado com sangue meu plano foi por água abaixo, pois um arruaceiro qualquer que ouvia a discussão gritou:
-Ele chamou sua mão de ladra, disse que ela rouba no truco!

Que droga claro que agente não tinha dito aquilo, tanto porque aquela velha não deveria saber jogar nem o próprio jogo, o jogo da velha. Era tarde de mais pra argumentações, a turba de agitadores fazia provocações e meu adversário um moleque gordo e duas vezes maior que eu sabia qual era a lei naquele meio, sua honra tinha sido manchada, sangue teria que ser derramado para que ele não perdesse o respeito, foi quando apontou seu dedo pra mim e sentenciou:

-Tá ferrado Marcio. Vou te estourar na hora da saída! –disse isso e um turbilhão de vozes o apoiou.

Droga! Nessa hora pensei comigo se era tarde pra fazer parte do grupo de desertores. Eu tinha até um plano.

Continua...

13 comentários:

Tyler Bazz disse...

Demais!!! aUHAuhaUHAuhaUHAuhaUHA

Na escola eu tinha um lado "Santino" mais forte.. qualquer coisa que acontecia eu não queria nem saber de conversa, já ia pra luta armada e só me fodia aUHAuhaUHA...

Mas o cara disse que ia te estourar..
PAGA antes, briga depois, hehehehe..

o/

Jú Carvalho disse...

Hahaha. Que coisa não rs (ri muito com o seu relato!).
Caaara, adoraaava qnd aquele filme (aí da foto q eu não lembro o nome) passava an sessão da tarde :).
Ai ai, a escola é uma cheio de tubarões brancos querendo comer uns aos outro (ou algo assim)- arquivo morto, faz isso com as pessoas... (ah, se vc não assisti, e não assistiu ontem, sorry x))

Unknown disse...

Taí, gostei... huahuahua
Quero ver como termina! Avise quando escrever!

TorrentGirl disse...

Melhor foto que esta para ilustrar esta situação impossível!
Agora... sou curiosa... Não esqueça de contar o final. Beijo moço!

Ana Karenina disse...

Quem me dera que minhas lembranças estudantis fossem assim... Eu era uma CDF daquelas, e você deve estar pensando: "Puta que pariu, ela não aproveitou nada da vida na escola." E você tem razão, com um pouco de exagero, claro, afinal de contas tem momentos que não dá pra ficar de fora, como um desses tão bem narrados por você. rsrsr.

Beijão, Márcio.

Anônimo disse...

esperando
continuação
tá otimo...!
bjao!

Nanda Tenório disse...

Se tem uma coisa que fico danada da vida são esses 'continua'! kkkk

Ñ vale, hein? =)

Adorei! Esperando por mais histórias mirabolantes estudantis.

Beijão!

=))

Gilmar Gomes disse...

Me lembro de várias brigas que quase tive na escola e por sorte, consegui evitar todas. Teve uma que eu falei e fiz tanta besteira na hora da briga, que o cara que queria me bater começou a rir... e tinha uma roda de gente querendo ver a casa cair pro meu lado...
Que sorte a minha, eu não queria mesmo chegar em casa todo ferrado de porrada.

PS: cara, gostei de mais desta história, vou linkar seu blog (obrigado por linkar o meu), para não correr o risco de perder o final dessa história.

Anônimo disse...

pode
deixar
que to na espera pela continuação!
abração negoo!!

Beline Cidral disse...

É sabido que o grupo dos "esportistas" e dos "aspirantes a traficante" transitam com certa frequencia no grupo dos desertores, só resta saber agora qual foi a sua experiência nesse grupo tão "esecial".

Gilmar Gomes disse...

Nova campanha sem fins lucrativos lá na "Coluna", conto com você e com seus leitores.
Não custa nada, e será um bem para a humanidade.

Unknown disse...

escola é um ambiente divertido, especialmente no espaço entre a mesa do professor e a lousa.

Varotto disse...

Sei que post antigo, ninguém mais lê os comentários, mas o filme da foto é "Te pego lá fora" ("Three OÇlock High").

 
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