sexta-feira, 4 de maio de 2007

A democratização de mídia vem em bytes.



Se eu fosse comparar o jornalismo feito hoje em dia na tv certamente acharia no Mcdonald’s uma boa referência, pois não passam de fast-food jornalísticos, com seus pratos rápidos de reportagens semi prontas, falas rápidas, entrevistados sem direito a explanação de sua retórica e que no final é muito mal digerido pelo nosso sistema.

A impressão que me dá é que diferente da proposta inicial e primordial defendida pela classe jornalística séria que é a de levar informação, tudo que conseguem na verdade é anuviar um céu já não muito limpo, confundir e alienar no pior dos casos.

Eu pergunto onde nesse processo todo entra o cidadão? Esse formato caquético e unilateral ainda responde aos anseios de um Estado dito democrático?
E é isso que se espera que a mídia seja, mas honesta em sua proposta a ponto de fato ser democrática.

Parece que uma resposta a isso vem dá internet, onde ao meu ver a relação entre noticia, repórter e publico sé dá de uma forma mais justa uma vez que a noticia pode ser aceita, desmentida, reparada enfim democratizada.

Esse formato de democracia via internet se deve muito ao meu ver ao advento dos blogs que outrora nada mais era que simples diários eletrônicos, mas que de forma surpreendente assumiu o papel de vigilantes da noticia e que, mais importante, deixa espaço para o leitor fazer sua reflexão e discutir seja com apoio ou se contrapondo a idéia passada.
Essa é a questão chave uma vez que deixamos de ser agentes passivos e manipuláveis a nos tornemos agentes receptivos-ativos. Como via de regra tudo que criado na rede não conhece fronteira é interessante constatar que uma nota publicada no Blog seja lá do Mino Carta, Paulo Henrique Amorim ou do duvidoso Olavo de Carvalho podem e provavelmente serão, comentadas nas centenas de fóruns pela internet, sejam eles específicos aos assuntos tratados nos citados Blogs, seja ele no mais famoso deles o ORKUT.
Esse acontecimento de disseminação da noticia é enriquecedora e pode demonstrar que de certa forma que nossa sociedade pode (ao poucos) fugir da dominação das grandes centros de mídia que nos atrelam, saibam ou não, aos seus anunciantes, pois dessa forma a noticia passa por muitas cabeças, e assim sendo uma sentença diferente, pontos de vistas diferentes.

Para entendermos de fato o quão importante é a democratização da mídia (que a passos curtos acontece via rede, pois nem mesmo acredito na democratização da TV como se apresenta hoje) teríamos que entender de forma racional que a mídia como se dá hoje é o bastão que apóia o braço longo dos mais fortes e como tal é sua forma de controle para os mais críticos. Para o total entendimento dessa questão sugiro uma obra do lingüista Noam Chomsky e Edward S. Herman de nome “O Consenso fabricado”.

Sou otimista. Não vejo mais futuro pra tv como ela se apresenta hoje muito em culpa da relação que desenvolvemos com a internet, mas como tudo tem dois lados devo apontar que mesmo a democracia por mim citada como exemplo na disseminação e análise da noticia por essa rede, mesmo essa não é completa.
Não poderia ser principalmente no que concerne ao Brasil, pois um conjunto de fatores emperra o seu total desenvolvimento e o maior deles é o de cunho socioeconômico.
Segundo dados do CETIC que trabalha em conjunto com o IBGE 54,3% da população nunca usou um computador, apenas 19,2% dos domicílios brasileiros possuem computadores e 66,7% nunca usaram a internet (esses dados são de 2006).
Acredito que não precise ser um gênio pra creditar esses números a baixa renda de grande parte da população, difícil acesso as redes de informação que só chegam a periferia através de projetos muitas vezes custeados por ONGs.
Sendo assim é fácil percebemos que a informação não é pra todos ou pelo menos nem todos tem acesso a ela e a democratização se dá em nichos, não de forma generalizada como deveria ser.

O caminho é longo.

 
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