Um conto de Natal

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008


Oi pai!
Desculpa lhe dirigir a palavra assim de forma tão simplista, a verdade é que, depois de tantos natais sem nos falarmos, tudo que restou dessa nossa relação oi essa falta de jeito.
Não! Minto meu pai.
Além disso, ainda me resta as memórias embrulhadas em fotografias e objetos guardados em armários. Eu nunca os toco, é outra verdade, ainda tenho medo dos fantasmas desses armários e fotografias. O senhor deve saber que é justamente em noites de natal que eles resolvem sair, não é mesmo?

Faltam poucas horas. Para o natal, eu quero dizer e é justamente por isso que estou aqui.
Vim para exorcizar todos eles. Me cansei de nutri-los com minhas lágrimas, me cansei de covardemente me esconder em sorrisos falsos ou desculpas tolas, pai.
Depois daquela maldita noite de 25 de dezembro, em anos, nada foi o mesmo.
Lembro que quebrei, com nossa briga, não só algumas louças e objetos, quebrei, ou melhor quebramos também aquele velho espírito que parece cada vez mais raro nas pessoas e era tão bonito de ser ver em nossa família.
Meu coração também não sobreviveu.
Sempre tivemos nossas diferenças, mas aquilo tudo foi de mais.

Trouxe seus netos aqui comigo, estão um pouco afastados. Eles nunca entenderam e confundem com desprezo meu medo do natal. Creio que essa noite será diferente.
Nunca disse que te amava. Dane-se! Eu poderia ao menos ter demonstrado, como tardiamente estou fazendo agora.

Quantas famílias se separam em noites como essa? Quanta dor é partilhada no lugar do pão e do sorriso? E qual o custo disso em tempo?
Desculpa meu pai. Mesmo que tardiamente, desculpa, mas hoje vou sentar com minha família à mesa e vou ser a pessoa mais feliz desse mundo, a despeito de qualquer lágrima derramada.
Vou junta minhas mãos e o que restou de meu coração e farei uma oração para o senhor, e enquanto eu viver será assim, meu pai.

Faço isso também porque não quero ver meus filhos vindo até a minha lápide com tanta dor no coração e fantasmas na cabeça.

Alguém disse, meu pai, que o ultimo cristão morreu na cruz.
Acho bem possível, mas não custa tentarmos.

13 comentários:

Anônimo disse...

Você é incrível...

Anônimo disse...

"ainda tenho medo dos fantasmas desses armários e fotografias. O senhor deve saber que é justamente em noites de natal que eles resolvem sair, não é mesmo?"

hum... fantasmas bichas???
heuhueuehuehue

(droga! não consigo ler nada como uma pessoa séria e decente...)

PS: q bom q voltou...

Nanda Tenório disse...

Olá mocinho... =)

Tempos que não venho te fazer uma visita.

E qnto ao seu post...
O Natal tem disso: despertar sentimentos, recordações e desejos. Resultando, nem sempre, em boas memórias. Mas o que importa é o q fazemos a partir dessas lembranças!

Viva o seu Natal. E felizes recordações pra vc.

Um beijo. E espero uma retribuição de visitas. =P

Anônimo disse...

Ultimamente, nem o natal tem resistido a estas brigas familiares. O pior é o arrependimento, a incerteza de ter ou não feito aquilo no passado.

Te desejo um ótimo natal, sem lápides!

Beijos

Anônimo disse...

E brigadão pela citação no outro post, anjo. Você também é um amigo e tanto nesta blogosfera maluca! (:

Anônimo disse...

Natal é tempo de relembrar tudo de bom e ruim que acontece dentro da nossa família, não é?

Por sorte, hoje tenho muitas coisas boas a celebrar. =)

Mtos beijos.

sacodefilo disse...

Marcio,

Os seus textos são sempre de uma intensidade impressionante. Nesse, há um nítido foco do arrependimento e acho que a maneira como você expõe tende a soar como algo catártico a quem lê. Além disso, a imagem que você escolheu foi primorosa. Há um ar de abandono, um ar de solidão imenso.
Muito bom, meu amigo.. com sempre, muito bom.

Lari Bohnenberger disse...

Nossa!
Emocionante! Enchi os olhos de lágrimas ao ler este texto, uma declaração de amor e de esperança. Claro que depois fui obrigada a secar as lágrimas e dar uma gargalhada do comentário do Gomex, aí em cima! Rsssss!
Não dá pra agüentar... rsssss!
Bjs, um excelente Natal pra você e pra sua família, e que vocês consigam recuperar o espírito quebrado e a felicidade desta data!
Bjs!

Camila Barbosa disse...

Sempre arrasando com tudo. Arrasando no bom sentido, é claro. rs
Não sei pq, mas de uns tempos pra cá natal tem sido só mais um dia. Esse ano ainda vai ser numa quinta feira e vai atrapalhar minha aula de teclado. Tive que mudar pra terça, acredita? Tenho 3 partituras pra mostrar pra professora, nem comecei a 'treinar' e amanhã ja é segunda. Palhaçada, viu. HUIHAAIUHAIUH
Ah, você sumiu. Tava com saudade dos seus comentários .-.
Beijão, querido.
Feliz Natal :D

Ferrockxia disse...

outro post interessante natal é época de se lembrar disso e daquilo mesmo, antes pra mim era tudo tãooo legal hoje parece que minha emoções morreram =/

mas tu escreve mto bem!
congratulations

Ellen Regina disse...

Olá!
Peço desculpas pela minha inconstância, mas gostaria de avisá-lo que já modifiquei muita coisa na crônica q eu havia te enviado. Se quiser saber como ficou publiquei o texto final lá no blog.

Espero q tenha ido muito bem de Natal e desejo um 2009 tão bom quanto cada um nós puder fazer!

bjs.
ellen regina

Laila disse...

Epa! Como assim, eu não comentei aqui?
Que coisa linda, como o espírito de Natal é inspirador, não?
Quanto sentimento num conto só.
Me emocionei.

Carla M. disse...

Marcinho e seus esqueletos...

Acredite, de quem já virou mesa de ceia de natal, tudo passa. É só se dar a chance.

Querido, passei aqui pra dizer que estou de volta, devagar e sempre que ainda é verão, mas volvi a mi casa.

aparece por lá!

beijão!

 
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