+ 1964 -2009

terça-feira, 28 de abril de 2009

Eu havia abandonado minha casa, o berço esplendido ao qual me deitava já não era assim tão convidativo.
Muitos fizeram como eu. Toda uma geração.
Estendemos ao longo do caminho bandeiras e gritos de ordem que no fundo era resultado de anos de alienação e ignorância.
Fiz das ruas minha casa.
Fiz do amor um comércio.
Fizemos das drogas nossa porta-voz para que nos ouvíssemos falar sobre o que não entendíamos.
Alguém falou a mim de paz com pedras nas mãos e sangue nos olhos. Seguíamos para frente sempre olhando para trás, para os grandes do passado e o resultado foi um tropeço tão grande que alguns daquele tempo tiveram que conceber seus filhos na cratera aberta pela própria ideologia.
Hoje se arrastam para fora com seus velhos na carcaça.
O que fiz das minhas leituras não vale o papel impresso e o que fiz das minhas impressões valeu toda a angustia de te-la concebido.
É na dor que crescemos.
Hoje estamos no poder e somos tão corruptos e bárbaros quantos os da velha guarda com a diferença que somos mais ignorantes, filhos de antenas e plasmas.
Pais de produtos com nomes de gente que recebem das empresas a imposta alienação de cada dia.
Que queime tudo no fogo da vaidade, a luta ainda não teve fim, acontece que essa geração ainda não definiu com quem ou pelo que luta.


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Depois de um tempo ausênte devido a problemas e soluções pessoais eis que volto (alguém ai? rs).
Juro que continuo a série abaixo rs.
Agradeço de mais o carinho do

Nectar em Flor
nesse interim.
Fui

22 comentários:

~*Rebeca*~ disse...

Marcio,

Existem pessoas que nos viciam com suas escritas e você é uma delas. Você sabe descomplicar o que os alienados não entendem. Você sabe colocar imagens nas cabeças de pessoas, que se acostumaram com plasmas... enfim, você sabe chegar onde quer e como quer, com essa sua forma maravilhosa de escrever.

Que coisa boa que voltou, assim podemos nos deliciar com seus pensamentos.

Maravilhosa quarta, Marcio.

Rebeca

-

Laila disse...

Que bom que está de volta
=)

Não sei, às vezes (e já falei sobre isso) tenho inveja da sua geração. Embora não saibam pelo quê tenham lutado, pelo menos lutaram.
Tão diferente de hoje, em que todos aceitam tudo como crianças que abrem a boca obedientemente quando a mãe diz "olha o aviãozinho"

Anônimo disse...

bom ver-te aqui outra vez..

é bem verdade que a minha geração não sabe pelo q lutar.. isso é tão triste, acho q há muito pra se batalhar e conquistar.. mas a juventude se confunde, e não sabe como começar, ou mesmo se isso interessa mesmo a ela. essa falta de ideais, ou o excesso deles, acaba por fazer com que se ande em circulos..

bem, fico realmente feliz com sua volta..
um beijo

Ana Karenina disse...

Caporra, Sarge. Que é isso tudo?
Lindo demais, rapaz.
Voltou com toda!

Saudade...

Hospício Temporário disse...

Sarge,
Bom saber que não apenas voltou, como veio com uma força impressionante. Essa parte aqui: "O que fiz das minhas leituras não vale o papel impresso e o que fiz das minhas impressões valeu toda a angustia de te-la concebido.", me tirou do sério, do eixo. Fantástico!

Abraços.

Carla M. disse...

Eu quero te desejar felicidade amigo meu, nesase novo momento.

E algum juízo, rsrsrs.

Beijocas!

Camila Barbosa disse...

Eu estou aqui \o/
Saudade .-.
Acho que concordo com você.. rs
beijão

Stephanie disse...

é Sarge, além de ser difícil saber porquê / contra quê lutar - o grande problema, a meu ver é quando o desejo de luta se perde entre vaidades individuais e disputinhas internas pelo poder corrompendo um projeto maior.

ah, sim, tem gente aqui.
avise quando voltar.

abraço

Edu França disse...

Esse seu texto é a face negra do Niilismo de Nietasche, a desconstrução como forma de desistência! Acontece maais do que parece. Escreva mais, nego veio... gosto de vir por aqui!

Laila disse...

São outras férias, é?

Gilmar Gomes disse...

fico umas 3 semanas sem escrever nada e já fico louco... vc não escreve nada desde abril??? putz...

ce me mata de vergonha!
rs

kd post novo??? tamo no aguardo de novo.

~*Rebeca*~ disse...

Saudade dos seus textos...

Que tudo esteja em paz!

Rebeca

-

Alessandra Allegr!a disse...

Ai que saudade docê!!!

Ellen Regina disse...

Caramba, Márcio, quanto tempo, né?

Eu também andei sumida. Ainda ando, pra ser sincera. Passei por aqui porque deu saudade dos seus textos sempre tão intrigantes. Esse, particularmente, parece traduzir meu estado de espírito desde o início do ano. Ando brigando com algo que nem eu sei nomear. Se fizessemos desse texto um hino eu o cantaria. Quem canta seus males espanta.

É, talvez me fizesse bem...
bjs.

Anônimo disse...

bem vindo de volta!

Andréa Amaral disse...

VOU SEGUIR SEU CONSELHO: Adorei. Sou mãe de primeira e única viagem e me pergunto se as gerações por vir terão pelo que lutar . Se ao menos não tiverem a quem violentar, roubar, estuprar, xingar, já está de bom tamanho. Pois além de alienados, estão se tornando marginais de condomínio de lixo.

Alessandra Allegr!a disse...

Presentinho pra vc lá no palavras.

beijos

Alessandra Allegr!a disse...

Presentinho pra vc lá no palavras.

beijos

Alessandra Allegr!a disse...

Presentinho pra vc lá no palavras.

beijos

Lari Bohnenberger disse...

Muito bom tê-lo de volta!
Eu também andei ausente, todos nós temos a nossa fase de descanso, né não?
Bem, bom retorno!
Bjs!

Sandro Batista disse...

Caraca, inacreditável o que eu acabei de ler. Não conhecia o seu blog, como pode isso?
Eu costumo dizer que gostaria de ter vivido "aquela época". Eu queria hoje ter tido a experiência e vivência pra poder dizer, de verdade, isso tudo que acabei de ler. Maravilhosa a sua crônica!
Coragem a sua de "pra não dizer que não falou das flores", dizer que ela ainda tem muitos espinhos!


http://estacaoprimeiradosamba.blogspot.com/

Anônimo disse...

tentando

 
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