Eu sou Old fashion

quinta-feira, 24 de julho de 2008



Eu detesto ir ao cabeleireiro, sempre detestei desde criança. Alias minha briga com os cabeleireiros começou mesmo na infância, porque sempre que me deparava com um, lá na rua onde morava, eu tentava ler a porra do cartaz, gaguejava, saia algo como caberero, caberereiro, cabileiro, sei lá, ai as outras crianças rachavam o bico de mim, como se elas conseguissem ler aquilo, eu ainda tinha coragem e tentava, mas elas não, as outras covardemente se omitiam do fardo.
No final era bem melhor pra elas, não passavam a mesma vergonha que eu.

Mas os anos vindouros reservaram coisa pior pra mim referente aos cabeleireiros, algo que detesto mais que esses salões, ou seja esperar.
Sempre que chegava em algum, lá havia dúzias de mulheres tentando todo tipo de engenharia pra deixarem suas madeixas mais charmosas e meu teste de paciência mas duro de aguentar.
Claro que eu usava mão dos subterfúgios de quinta desses lugares que é colocar revistas pra ver se a dor da espera diminui, mas acontece que em meu caso isso era pior.
Nunca havia uma revista interessante no local, sem Seuperinteressante, sem quadrinhos, sem revistas de carro, sem revistas de notícias, PlayBoy nem pensar, em sua maioria eram revistas de fofoca e de moda, numa tentativa descarada de nos fazerem crer que ali alguém entende de moda. No máximo de fofoca.

Por anos penei no interior desses cabeleireiros, aguentando o cheiro de química, as fofocas e as viadagens. Porem um dia me rebelei, tive duas idéias, uma era nunca mais cortar o cabelo e me transformar no maior black power já vivo, mas como isso ia contra os planos da minha mãe e ir contra os planos da minha mãe naquela época provocavam muita dor física, preferi ficar com o segundo que era simplesmente mudar de salão.

Sim eu não iria mais cortar o cabelo em cabeleireiros cheio de frescura iria nas espeluncas com pouca luz e chão sujo, que com certeza não havia muitas mulheres e consequentemente não havia esperas gigantes.
Assim o fiz e por anos fui feliz, numa dessas havia até mesmo revistas de carro, mas nem dava tempo de ler porque a fila andava rápido e em outra até tinha uma tv que passava os jogos de futebol, discutia-se, ria-se, xingava-se, éramos uma quase familia, só faltava a bebida.

Mas como paz significa recarregar as armas, como diz o Dimmu Borgir, e a modernidade provou que era mais rápido no gatilho que eu, a família se desfez.

O tempo passou e um novo tipo de ser humano agregou-se a nós machos a moda antiga, e deturpou a forma como faziámos as coisas, eis que surgiu os metrosexuais.
Eles invadiram nosso território de machos com seus apliques e luzes e unhas por fazer e nos legaram o pior dos males, aquele que tinha ficado enterrado no passado: A espera!

Antes eram as mulheres agora somos nós, ou melhor eles, que ficam entulhando as cadeiras de espera, e dando palpite no trabalho de engenharia dos cabeleireiros e ainda por cima reclamam da unha mal feita.

Sinto saudades do tempo em que não sábia ler direito, que só havia mulheres nesses salões e que ninguém reclamava da minha unha.
Talvez eu volte com o plano do Black Power.

7 comentários:

Jú Carvalho disse...

O senhor sempre se superando...
Muito bom rs.
O grito de socrro de um homem \o/!
Concordo com a maioria das mulheres q higiene nunca foi demais, mas daí a ter as unas com menos cutícula que a minha... Tô com vc e não abro.
Homem tem q ter cara de homem, se quisessemos luzes e sombracelhas tiradinhas seriamos todas lésbicas ;)!
E meo, esperar é dos males o menos disso tudo rs!
ADOREI o texto

Anônimo disse...

AMigo esse é o blog
que mais adoro...
me acabo de rir
da forma que você se expressa
detalhadamente com elegância
e clase
kkkkkkkkkkkkkkkkkk
Eu semprei adorei salão até pq
desde pekeno sempre gostei de ir
nesses tipo"ralé"o que nunca me trouxe nenhum trauma!
hehehehe!!
Abração!!

Gilmar Gomes disse...

É estranho, como eu também estava pensando em escrever um post sobre cabelo... Mas assim como meu cabelo, atualmente, o post também também não cresceu.
Eu nunca aproveitei meu cabelo. Quando eu o tinha em abundância, minha mãe não deixava eu deixálo comprido e ainda me penteava tipo nerdinho (tá, eu era um nerdinho, mas não queria parecer um). E foi assim até eu ter idade para mandar em mim mesmo e fazer o que eu quisesse... Mas aí, não mais por culpa da minha mãe, e sim, por culpa do meu pai, e a filhadaputa da hereditariedade... Eu já não tinha cabelo suficinete para fazer nada que eu quisesse.
Esse meu cabelo me mata de vergonha. É pacabar.

Carla M. disse...

Engraçdo que eu sou mulher, uso metade dessas engenharias que tu xinga e pior que tudo, odeio papo de salão de beleza. me irrita, me cansa. O que eu quero saber com a nova namorada do galã da novela das oito?! eu nem sei quem é o galã da novela das oito!

Mas enfim, no meu caso, não tenho como fugir de passar por lá a cada três meses pra podar as madeixas.

parece que o metrosexual está saindo de moda, o que pode ser uma salvação pra ti Márcio.

beijocas!!!

PS: aprendi a viver desse jeito vivendo. se tivesse um mais fácil, com leitura dinâmica, eu juro que queria. rsrsrsrs

Ana Karenina disse...

Não quer esperar?! Vai ao barbeiro! É pra isso que eles existem.
E você acha que nós, mulheres, gostamos de ver um homem pentelhando a gente, escutando nossas conversas sobre a novela, vendo-nos com tocas horríveis, cheias de papelotes e cheirando a química?!
Lugar de homem é no barbeiro.
Ou então tenha o maior black power do mundo. Eu acho um charme. =D

Beijão, moço.

Anônimo disse...

"I'm old-fashioned, but I don't mind", já dizia o Chet Baker.

Olha, descobri o seu blog hoje e acabo de virar leitor. Tudo muito bom!

Marcio Sarge disse...

Velu Bruno!!

Eu queria ter o talento do Baker, mas já que não posso me contento em ser old-fashioned,rs.

 
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